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14, May 2020
Inflação: e eu com isso?

Você já se deparou com a seguinte notícia: “o IPCA de março registrou alta de 0,49% a.m.”? Ou talvez já tenha escutado que a inflação anual brasileira geralmente é de 4,00%?

Esses números fazem algum sentido para você?

Quando falamos de inflação, estamos falando de preços. Mais especificamente, estamos falando do nível de preços. Dizer que a inflação ao ano é de 4,00% significa que, em média, os preços aumentaram em 4,00% de um ano para o outro. Ou seja, alguns preços aumentaram mais, alguns preços aumentaram menos, mas num geral os produtos estão 4,00% mais caros.

Em economia, costumamos dizer que a inflação faz com que as pessoas percam poder de compra. O que isso significa?

Imagine que você costumava ir ao mercado com 100 reais. Com esse montante, você conseguia comprar tudo o que precisava: arroz, feijão, frutas e legumes. Passados alguns anos, você volta ao mercado com os seus mesmos 100 reais. Opa! Você talvez consiga comprar arroz e feijão, mas já não consegue comprar as frutas e legumes que você gosta.

Mas você sabe por que isso acontece?

Se voltarmos algumas centenas de anos, as moedas que usávamos eram mercadorias. Sal, pimenta, prata e ouro são exemplo de mercadorias que foram utilizadas como moeda de troca na história da humanidade. Essas moedas-mercadorias possuíam um valor intrínseco, ou seja, uma grama de ouro, vale uma grama de ouro, um saco de sal, vale um saco de sal. Mas o que garante que um pedaço de papel azul com o número 100 vale 100 reais?

O real, assim como o dólar ou o euro, é o que chamamos de moeda fiduciária, o que é um conceito de moeda diferente das moedas-mercadoria que foram utilizadas no passado. Uma moeda fiduciária não possui seu valor atrelado a alguma mercadoria.

Mas o que garante o valor dessas moedas?

Moedas fiduciárias tem seu valor garantido pelos governos que as emitem. Seu valor depende da confiança que as pessoas têm no governo como bom pagador e isso está intimamente ligado com saúde financeira das contas públicas, bem como a boa gestão da política monetária pelo Banco Central.

Agora que entendemos que o valor das moedas atuais depende das condições do país e da confiança das pessoas, faz um pouco mais de sentido que seu valor mude, certo?

Portanto, quando você ouvir dizer que o IPCA registrou alta de 0,49% a.m., significa que os preços naquele mês aumentaram em 0,49% e seu poder de compra foi afetado. 

Se você tem mais que 40 anos, você deve se lembrar do Brasil nos anos 90. Era um caos, não era? Nesse período, a inflação acumulada em um ano chegou a 5.000%. Imagine que você, hoje, consiga comprar um pãozinho com 1 real, mas daqui a um ano, precisa de mais de 50 reais para comprar o mesmo pãozinho. Parece um absurdo, né!? Foi o que aconteceu.

A inflação pode ser de três tipos:

  • Inflação de custos: também chamada de inflação de oferta, ela decorre sobretudo do aumento dos custos de produção, sejam eles salários, insumos etc.
    • Vamos supor que esse ano a energia elétrica suba 100%. Sua conta de energia vai subir, certo? Assim como a conta de energia das outras famílias e das empresas. Se o custo de energia sobe para as empresas, podemos supor que o custo de produção delas também vai subir. Esse aumento de custo geralmente é repassado para o consumidor. Qual é o resultado? Preços maiores. Além de ter um aumento na conta de energia, também haverá um aumento nas suas compras de supermercado, combustível, cinema, etc.
  • Inflação de demanda: quando a economia está superaquecida, com consumo e investimento em alta, pode haver aceleração da inflação.
    • Vamos supor que você tem um negócio e que atende regularmente 10 clientes que gostam muito do seu produto. Por algum motivo, 10 novas pessoas passam a comprar o mesmo produto. Portanto, dizemos que a demanda aumentou. Como você não consegue aumentar a produção imediatamente, resta a você aumentar o preço. De fato, quando isso acontece de forma generalizada na economia, temos um aumento dos preços, logo inflação.
  • Inflação inercial – via expectativas: esse tipo de inflação ocorre quando existem muitos mecanismos de indexação na economia, isto é, os contratos que regem os preços e salários possuem cláusulas de correção monetária. Um exemplo disso geralmente ocorre quando seu aluguel “faz aniversário”. Como presente, você recebe um ajuste pela inflação do período, então o preço do aluguel varia. Esse tipo de inflação é carregada do que chamamos de memória: a inflação de ontem afeta a inflação de hoje.

A inflação inercial não é mais tão presente para os brasileiros. Mas ela foi um dos grandes pesadelos daqueles que viveram na década de 80 e 90. Os preços subiam muito rápido e quase tudo possuía algum tipo de correção, inclusive os salários. Isso fazia com que os preços subissem de forma contínua, às vezes, diariamente.

Agora quanto as letrinhas IPCA, IGP, INPC, elas são apenas as diversas metodologias para avaliar a inflação. 

O índice mais famoso é o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é composto por  uma cesta de bens de consumo que inclui alimentos, bebidas, transportes, habitação, comunicação, despesas pessoais, vestuário, saúde e educação. Cada um desses itens possui um peso dentro da cesta. 

Durante o mês, o levantamento é realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas regiões metropolitanas do país e os resultados são divulgados na primeira quinzena de cada mês.

Ou seja, o IBGE faz pesquisas para saber como os preços estão aumentando em diferentes cidades brasileiras. Qual era o preço do arroz no mês passado e qual o seu preço hoje? E do gás, da energia elétrica, da gasolina ou da educação? Esse tipo de pesquisa produz frases como: “o IPCA de março registrou alta de 0,49% a.m.”. Ou seja, os bens que o IBGE observou subiram 0,49% de um mês para o outro.

Simples, não? 

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