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21, October 2024
Deflação: o perigo por trás da queda dos preços

     Quando falamos de economia, é comum ouvir sobre a inflação, que representa o aumento generalizado dos preços de bens e serviços. Mas existe também o fenômeno contrário: a deflação. Enquanto a inflação reduz o poder de compra do dinheiro, a deflação faz o oposto, aumentando-o, já que os preços caem. Compreender essas duas dinâmicas é essencial para interpretar o cenário econômico e tomar decisões financeiras mais conscientes.

     No Brasil, embora menos frequente, os preços já caíram em alguns períodos, o que ainda não configura deflação. Em julho de 2017, por exemplo, o país registrou uma deflação de 0,23% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), influenciada pela queda nos preços de alimentos e bebidas. Mais recentemente, em julho de 2022, o IPCA apresentou uma deflação de 0,68%, puxada pela redução nos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Esses episódios demonstram que a deflação não é apenas um conceito teórico ou distante, mas pode ter impactos reais na economia nacional. Mas, afinal, quando ela pode ser perigosa?

O que é deflação?

     Deflação é a queda persistente e generalizada dos preços de bens e serviços ao longo de um período prolongado. Embora isso possa parecer uma boa notícia para os consumidores, a deflação pode ser um sinal preocupante, indicando um enfraquecimento da demanda. Isso pode levar à retração econômica, à medida que as empresas reduzem produção, investimentos e até empregos, gerando um ciclo vicioso que prejudica toda a economia.

    Para ilustrar, imagine uma situação em que os agricultores colhem uma quantidade excepcional de tomates, criando uma oferta muito superior à demanda. Com os estoques cheios e o risco de perder produtos perecíveis, os preços caem para atrair mais consumidores. Esse fenômeno não se limita a um mercado local, mas pode se espalhar para diversas regiões, gerando queda de preços ao longo do tempo.

Por que a deflação pode ser prejudicial?

     A deflação pode criar um ciclo negativo com sérias consequências econômicas:

  • Redução do consumo e dos investimentos: quando as pessoas esperam que os preços continuem caindo, elas adiam suas compras, o que desestimula as empresas a investir, já que a rentabilidade se torna incerta.

  • Aumento do desemprego: com menos consumo e investimentos, as empresas cortam custos, frequentemente demitindo funcionários, o que agrava ainda mais a queda na demanda.

  • Quebra de empresas: conforme os preços caem, o valor real das dívidas aumenta, tornando o pagamento mais difícil para as empresas, o que pode levar à inadimplência e falências, prejudicando todo o sistema financeiro.

Como a deflação é calculada?

     O cálculo da deflação segue o mesmo princípio do cálculo da inflação, utilizando indicadores como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O IPCA mede a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços consumidos pelas famílias brasileiras com renda de 1 a 40 salários mínimos. Quando o IPCA registrou variação negativa em um período, significa que, em média, os preços caíram — caracterizando um cenário de deflação. Esse índice é fundamental para acompanhar as oscilações de preços na economia e orientar as políticas monetárias do país.

Veja como funciona o IPCA!

O que é o ideal para a economia?

     O cenário ideal para a economia é a estabilidade de preços, com uma inflação baixa e controlada. A deflação pode parecer benéfica em um primeiro momento, mas pode desencadear um ciclo vicioso de retração econômica, queda de consumo, investimento e aumento do desemprego. Já a inflação elevada compromete o poder de compra e gera incerteza. Assim, o equilíbrio é fundamental, e no Brasil, o Banco Central adota o regime de metas de inflação para garantir que a economia permaneça em um ambiente previsível e propício ao crescimento sustentável.

       Compreender os conceitos de inflação e deflação nos ajuda a tomar decisões financeiras mais seguras e estratégicas. No entanto, mais importante que esses extremos, é a busca por um ambiente de estabilidade econômica, onde o equilíbrio entre crescimento e controle dos preços seja alcançado. Afinal, uma economia estável proporciona oportunidades para que todos possam planejar, investir e prosperar com confiança.

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